Por Fran Mateus
Whisky (2004) é um filme calmo, silencioso e sútil, muito sútil. Usando a câmera quase sempre parada, os diretores Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll nos apresentam ao endurecido Jacobo Koller (Andrés Pazos), a solitária Marta Acuña (Mirella Pascual) e ao extrovertido Herman Koller (Jorge Bolani), numa estória sobre as mudanças que a vida pode dar se as pessoas se abrirem para elas; pelo menos, na minha interpretação sobre o destino de um dos personagens. Vamos a eles.
Os dois homens são uruguaios, judeus e se reencontram um ano depois da morte da mãe deles. Não querendo parecer um derrotado perante o bem-sucedido Herman, Jacobo pede a Marta (seu braço direito numa fábrica de meias) que se passe por sua esposa. Ela aceita a ideia com um certo prazer e o incentiva a tirarem uma foto para 'celebrarem' a união. Acostumada ao chefe arredio, Marta se surpreende ao constatar que Herman é a simpatia em pessoa e acaba gostando da companhia dele. Esse, por sua vez, querendo compensar as mais de duas décadas que ficou sem voltar a Montevidéu para ver o irmão e a mãe, pede a Jacobo para irem juntos a Piriápolis, local onde curtiram as férias da infância. No balneário, o trio se hospeda no elegante
Argentino Hotel, um estabelecimento de frente para o mar, datado de 1930 e fundado pelo homem que empresta o seu nome para a cidade: Francisco Piria. Quando o passeio acaba, Herman pega um avião para Porto Alegre e Jacobo volta (aliviado) para a sua vida previsível. Quanto a Marta, a experiência entre os Kollers mexeu com ela de tal forma que a fez desistir de retornar ao trabalho, sem se importar de, nem mesmo, mandar notícias ao antigo chefe.
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Anote: Rambla de los Argentinos, 20200, Piriápolis, Maldonado, Uruguay |
Bem recebido pela crítica uruguaia e internacional,
Whisky ganhou prêmios no mundo inteiro, entre os quais
Un Certain Regard, no Festival de Cannes. Depois de assisti-lo, eu fiquei tão tocada pela história que não só escrevi o post
Eu, Montevidéu, Café e Whisky, criando uma
continuação para o destino de Marta, como visitei o interessante hotel 5 estrelas e locação do filme. Ali, foi muito agradável observar o movimento das ondas do mar por uma das janelas do seu interior aquecido, checar o cassino onde Jacobo apostou o dinheiro que recebeu de presente do irmão e conferir os troféus do filme que o hotel preserva e exibe, com orgulho, num dos seus corredores movimentados.
Sobre a cidade,
Piriapólis dista 98 km de Montevidéu e pode ser acessada em cerca de 1 hora e 30 minutos de carro ou de ônibus. Da rodoviária local até o Argentino Hotel são 5 minutos de caminhada em direção à orla. Anote: Rambla de los Argentinos, 20200.
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