Na Londres de Sherlock: Arthur Conan Doyle
![]() |
|
Arthur Conan Doyle: o criador de Sherlock Holmes e Dr. Watson
O médico e escritor Arthur Conan Doyle (1859, Edimburgo, Escócia – 1930, Crowborough, Inglaterra) entrou para a história da literatura policial como o criador do detetive mais brilhante de todos, Sherlock Holmes, e de seu amigo fiel Dr. John Watson. Para entender como isso aconteceu é preciso voltar no tempo, ao ano de 1876, quando ele ingressou na Universidade de Edimburgo, para estudar Medicina. Foi nela onde o jovem de 17 anos conheceu o professor que, de forma indireta, mudou a sua vida: o Dr. Joseph Bell (1837—1911). Esse homem tinha uma capacidade de dedução tão exata que, anos depois, já formado e trabalhando na Inglaterra, Doyle se baseou nele para criar o esboço de seu famoso personagem, chamado, inicialmente, de Sherrinford Holmes.
O professor de Medicina foi a principal inspiração para compor o perfil de Holmes, mas não a única. Conan Doyle aperfeiçoou o seu detetive com características de outros dois nomes dos romances policiais: Auguste Dupin, criado por Edgar Allan Poe; e Monsieur Lecoq, por Émile Gaboriau. De bônus, o escritor ainda colocou algumas marcas suas nele: Holmes seria pugilista, faria pesquisas científicas e escreveria sobre temas sérios; pelo menos, mais sérios do que os escritos pelo seu colega de moradia, Dr. Watson. Sobre o narrador das histórias do detetive, Doyle o concebeu mais como um alter-ego seu do que qualquer outra coisa. Como o autor, Watson seria médico, casaria duas vezes e escreveria sobre temas de apelo popular. Quando entendeu que as suas criaturas estavam prontas, Doyle as colocou para ajudar a Scotland Yard a resolver os crimes mais complexos da Inglaterra vitoriana, começando pelo caso Um estudo em vermelho (1887).
Arthur Conan Doyle x Sherlock Holmes
Poucos anos depois de criar Sherlock Holmes, Conan Doyle passou a ter uma relação ambígua a respeito do personagem. Aquele que lhe deu fama e fortuna, também foi a razão de seu desconforto, visto que o autor queria se dedicar a escrever sobre outros temas, sem a pressão de ter que criar casos para Holmes resolver o tempo todo. Antes de lançar a dupla, Doyle tinha escrito o conto O mistério do Vale Sasassa (1879) e gostado dessa experiência. Por isso, seis anos depois de fazer Holmes trabalhar em 2 romances e 23 contos, Doyle decidiu empurrá-lo, junto com o rival, Professor Moriarty, nas Cataratas de Reichenbach, no caso O problema final (1893). Watson só não caiu junto porque alguém precisava contar essa história.Após o ato brusco, Conan Doyle dedicou-se a escrever sobre assuntos que ele considerava mais relevantes, como The War in South Africa: Its Cause and Conduct, publicado em 1901 (ensaio que rendeu o título de Sir para o autor).
No entanto, os fãs do detetive não aceitaram a morte de Holmes e, por isso, não deixaram o escritor em paz. Doyle resistiu por nove anos, antes de sucumbir e ressuscitar Sherlock Holmes em A aventura da casa vazia (1902). Depois disso, o detetive entrou em ação em mais 2 romances e 33 contos. Mas Doyle não deixou de se dedicar a outros assuntos. Em paralelo aos casos de Holmes, ele escreveu O mundo perdido (1912), liderado pelo personagem Professor Challenger, e o livro sobre espiritualismo, A nova revelação (1918), dentre outros títulos.
O último combo, Histórias de Sherlock Holmes, foi publicado em 1927, com 12 contos de crimes que Holmes havia solucionado antes de Seu último caso.
Três anos depois do lançamento do combo, Conan Doyle faleceu de um ataque cardíaco, na cidade inglesa onde morava, Crowborough. Por essa razão, nós nunca saberemos se Holmes teria passado ileso pelas duas grandes guerras que arrasaram a Europa e chegado aos 90 anos de idade como Sr. Sherlock Holmes (2015), um filme interessante com o ator britânico Ian Mckellen no papel principal, nos faz querer acreditar.
Mas uma coisa é certa: o detetive resistiu ao teste do tempo, sendo transformado, ao longo de mais de 130 anos, no personagem da literatura policial mais adaptado para o cinema e a televisão dentre todos existentes. Um feito e tanto para alguém cujo criador quis se livrar com seis anos de existência! E se depender de roteiristas como Mark Gatiss e Steven Moffat, da série Sherlock (BBC), Holmes ainda vai viver por muito tempo. Afinal, como o próprio detetive, modestamente, lembrou a John Watson (e a nós), no final do episódio O Carro Fúnebre Vazio:
E, nós, sherlockianos, por sermos insaciáveis! E que venham mais histórias com a dupla mais famosa da Baker Street; seja na Londres vitoriana, seja na Londres moderna. Nós aguardamos ansiosos!
Eu sou conhecido por ser indestrutível!
Comentários
Postar um comentário
Fale conosco