Especial Fitzgerald: "Este lado do paraíso" (1920)
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Capa do livro Este lado do paraíso (Record | BestBolso) e foto de F. Scott Fitzgerald, em 1917, publicada pela Nassau Herald, a revista da Universidade de Princeton. |
Este lado do paraíso: o livro de estreia de Fitzgerald
O primeiro romance de Francis Scott Fitzgerald foi Este lado do paraíso, publicado em março de 1920, pela editora Charles Scribner's Sons (hoje, Scribner), quando o escritor norte-americano tinha, apenas, 23 anos de idade.
Em seu livro de estreia, Fitzgerald nos apresenta a Amory Blaine, um rapaz bonito, bem nascido e criado com todos os luxos e ensinamentos de superioridade social e intelectual que o dinheiro e o acesso à boas escolas podiam proporcionar, mas que, ao longo do tempo, viu tanto a sua vida como seus pensamentos modificarem drasticamente, afetados pelas circunstâncias da sua época; um período marcado por uma grande guerra e por intensas transformações sociais e culturais.
Lugares onde Este lado do paraíso foi ambientado
A história de Amory Blaine se passa em alguns lugares dos Estados Unidos, por onde ele circula bastante de carro (um conforto para poucos naqueles anos 1920). Confira.
— O menino nasce e é criado em Saint Paul, Minnesota (assim como Scott Fitzgerald), e passa as férias em Lake Geneva, cidade localizada em Wisconsin, ao lado de mãe, Beatrice O'Hara Blaine, uma mulher sofisticada, mas um tanto excêntrica e neurótica (características que o jovem assumiu em certas fases de sua vida).
— Quando ingressa na Universidade de Princeton, ele passa a maior parte do tempo em Nova Jersey, base da prestigiada instituição de ensino. Ali, Amory vive com intensidade, bem mais interessado em debates filosóficos, amizades, garotas, festas e outras atividades sociais do que nos estudos acadêmicos. Tal como Fitzgerald, Amory também participa do Triangle Club, o grupo de teatro da universidade.
— Durante as folgas dos estudos, Amory e seus amigos fazem viagens curtas para a Filadélfia, na Pensilvânia, e para outras cidades vizinhas, onde ele divide seu tempo entre romances passageiros e prazeres boêmios.
— Os estudos são interrompidos para o rapaz participar da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
— No retorno, vivo, mas desiludido e pobre, Amory começa a trabalhar numa agência de publicidade de Nova York, onde passa a morar. A cidade será palco de encontros e decepções amorosas e de momentos de reflexões sobre o sentido da vida e o seu propósito nela. A essa altura, duas pessoas importantes para ele — sua mãe e seu mentor, Monsenhor Darci — já morreram. O rapaz também passa pela experiência negativa de ser rejeitado pela mulher que ama e corresponde seus sentimentos, mas prefere se casar com um homem rico.
Se prestarmos atenção, veremos que Fitzgerald escolheu cada um desses lugares para representar os estágios emocionais, intelectuais e financeiros do personagem, bem como o seu amadurecimendo.
O processo de transformação de Amory, que parecia fácil e até fútil no início, se mostrou muito doloroso. Sua última frase no livro, no entanto, mostra que ele aprendeu a se conhecer, mesmo que isso significasse um rompimento com as crenças do passado sem ter todas as respostas que buscava... mas isso ele poderia conseguir com o tempo.
Este lado do paraíso: Comentários
Quando comecei a ler Este lado do paraíso, eu já conhecia os dois títulos mais famosos de Fitzgerald, O grande Gatsby (1925) e Suave é a noite (1934), e tinha o representante da Era do Jazz, com o seu estilo sofisticado de escrita, no topo da minha lista de escritores favoritos (numa disputa acirrada com Ernest Hemingway). A minha ideia era a de que o seu livro de início de carreira seria uma história muito boa, mas não tanto quanto às dos trabalhos posteriores. Porém, confesso que Este lado do paraíso conseguiu, sim, me pegar de surpresa.
O que aconteceu foi que, ao terminar a leitura do primeiro romance de Fitzgerald, eu me impressionei com o fato de um escritor tão jovem conseguir tratar temas tão complexos com aquele nível de profundidade... e passei um bom tempo refletindo sobre isso.
Foi então que eu entendi o que motivou o editor Maxwell Perkins a publicar o livro de estreia daquele autor ainda desconhecido do público logo que teve acesso ao texto: Fitzgerald era uma daquelas joias raras do mundo literário e Perkins não podia deixá-lo no anonimato por mais tempo. Agradeço a ele por sua sábia decisão até hoje!
Conclusão: Este lado do paraíso se tornou um bestseller imediato, lançando a carreira de F. Scott Fitzgerald e alçando-o à condição de estrela literária da noite para o dia.
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O texto original — This Side of Paradise — está disponível para leitura no site Project Gutenberg.
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